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Como realizar estimulação multissensorial nas atividades da vida diária?

  • Writer: Inês Nalha Pereira
    Inês Nalha Pereira
  • Feb 6, 2019
  • 3 min read

(Primeiramente este artigo serve para cuidadores formais e informais, ou pessoas em geral que tenham interesse na área.)


Frequentemente associamos os cuidados de higiene a um momento apenas, e só, relacionado com a limpeza e hidratação da pele, vestuário ou processos fisiológicos… Mas por si só, está errado.


Os cuidados de higiene revelam ser os momentos do dia-a-dia em que existe uma maior possibilidade de se realizar uma estimulação multissensorial, quando esta não existe noutro formato (dito terapias, por exemplo).


Ora pensemos. Durante um cuidado de higiene existem vários aspetos que poderão ser estimulados. Deixo-vos com o momento de levantar da cama e o banho, como exemplos em que poderá existir uma estimulação múltipla.

  • Levantar da cama

Estimula-se aspetos de orientação espácio-temporal no processo de despertar;

Estimula-se a mobilidade global na realização dos vários movimentos para levantar e sair da cama;

Estimula-se a verticalidade no processo de levantar da cama e na marcha (quando possível);

Estimulamos durante a verticalidade e a marcha aspetos vestibulares e proprioceptivos, muito relacionados com o equilíbrio, controlo postural e esquema corporal.

  • Banho

Estimula-se o tacto, através das mobilizações corporais e dos movimentos de limpeza e lavagem corporal;

Estimula-se o olfato através do gel de banho utilizado, por exemplo;

(Aqui sugeria que fosse utilizada um auxiliar de lavagem corporal onde se colocasse o gel de banho e fosse dado a cheirar à pessoa, estimulando questões olfativas e tácteis através da textura)

Mais uma vez é estimulada a verticalidade (caso a pessoa realize os cuidados de higiene de pé) e aspetos vestibulares e proprioceptivos.


Também aquando o momento de vestir é importante que este seja feito de forma a permitir e estimular a pessoa a realizar todas as tarefas para as quais ainda tem capacidade, assim como a liberdade de escolha, na roupa que quer vestir, por exemplo. Também a experimentação da textura é bastante importante.


Nas transferências e idas à casa de banho, é também importante pensar que são atos frequentes ao longo do dia, e que poderão ter um impacto significativo numa estimulação motora continua.

Como tal, cada vez que auxiliamos numa transferência e permitimos que esta seja feita com a menor ajuda possível e que exista uma carga nos membros inferiores e superiores, permitimos que seja feita uma estimulação de questões proprioceptivas, vestibulares e sensoriais, fundamentais para a manutenção das capacidades existentes. No entanto, muitas das vezes, o que acontece é ajudarmos demasiado, executando, frequentemente, as tarefas pelas pessoas. De boa vontade, é certo, mas prejudicando o que poderão ser potenciais momentos de estimulação e manutenção das capacidades existentes.


Este artigo serve não só para nos colocar a pensar sobre a importância dos cuidados ao longo do dia, e de que forma estes poderão ser realizados com maior autonomia por parte da pessoa, como também para que compreendamos que nem sempre a nossa ajuda é benéfica, mesmo quando realizada com a melhor das vontades.


Em seguida dou algumas dicas de como poderão fazer nos processos de higiene de forma a que a pessoa se torne mais independente e, ao mesmo tempo, realizemos um maior e melhor estimulação.


1. Dar o apoio necessário / o mínimo auxílio possível em todos os processos de transferência e na marcha (poderão observar que quanto maior o apoio fornecido, menor a força exercida pela pessoa na realização da tarefa);

2. Oferecer momentos de oportunidade de escolha de vestuário (estimulamos a sensação de bem estar e auto-estima da pessoa, ao mesmo tempo que trabalhamos noção de cor e forma e o tacto (textura));

3. Deixar que seja a pessoa a vestir-se, a limpar-se e a higienizar-se de forma autónoma ou apenas com apoio parcial, quando possível (trabalhamos no sentido de uma maior independência, estimulação sensório-motora e maior auto-estima);

4. Comunicar durante os cuidados.


A comunicação durante os cuidados é importante que seja realizada com qualquer pessoa, com ou sem défice cognitivo, com ou sem comunicação verbal, pois irá permitir estabelecer uma relação com o outro, fundamental para TODOS os cuidados com QUALQUER pessoa.


Em pessoas com maior défice cognitivo é ainda mais importante que seja explicado tudo aquilo que irá ser feito com frases curtas mas simples, estimulando uma maior consciencialização corporal, noção espacial, atenção e memória ao longo dos cuidados. Se pensarmos poderá ser fundamental para diminuir comportamentos de agitação, muitas das vezes, por incompreensão do que está a ser feito.


Exemplo “Vamos levantar da cadeira, exercendo força nas pernas”

Exemplo “Vamos levantar o braço direito para enxaguar”

Exemplo “Vamos colocar a perna esquerda à frente”

Exemplo “Olá, eu sou a Inês, a psicomotricista, e hoje vamos fazer alguns exercícios para tornar as suas pernas mais fortes”


Nota: Mais à frente será escrito um post sobre a importância do toque e o impacto do mesmo na relação com o outro.


Espero que tenha sido útil, até ao próximo post!





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