Desmistificar a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção
- Inês Nalha Pereira
- Feb 3, 2019
- 3 min read
Atualmente muito se fala sobre a permissividade dos pais e a “falta de educação” de algumas crianças e de como antigamente “não havia cá hiperativos”.
Como tal, considero que é fundamental que as pessoas compreendam o que é a PHDA, um fenómeno real e frequente na nossa sociedade.
De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria, a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção é um dos problemas a nível mental mais comum nas crianças.
Contudo, esta patologia não existe apenas durante a infância mas sim também durante a adolescência e a fase adulta, variando sim a forma como esta se expressa.
De forma simples, esta patologia representa uma desadaptação da pessoa relativamente ao resto da sociedade no quotidiano, a nível pessoal, social, escolar e/ou familiar, sendo importante compreender que estas desadaptações podem manifestar-se de diversas maneiras e intensidades, sendo diferentes de pessoa para pessoa.
No entanto, e antes de explorarmos de que forma a PHDA pode expressar-se, é importante que compreendamos três palavras – chave:
Défice de Atenção – As crianças distraem-se facilmente, tendo bastantes dificuldades em concentrar-se. Podem perder coisas frequentemente, esquecer-se de realizar as tarefas que lhes são propostas, parecendo que não prestam atenção ou não ouvem que fala com eles;
Impulsividade – Apresentam uma enorme tendência para agir sem pensar e interrompem os outros com frequência, tendo dificuldades em esperar pela sua vez;
Hiperatividade – Dificilmente ficam muito tempo sentadas, sendo muito irrequietas.
Tudo isto traduz um padrão comportamental que frequentemente dá origem a dificuldades na relação com os pares, comportamentos agressivos e desafiantes, podendo também levar à existência de dificuldades de aprendizagem fruto do défice de atenção.
Tal como referi anteriormente, a PHDA expressa-se nos vários momentos do quotidiano, sendo que realço o impacto a nível escolar como algo bastante significativo. Ora pensemos...
Nos primeiros anos de vida, mais concretamente na idade pré-escolar, existem comportamentos indicadores de que, posteriormente, a criança poderá ter problemas. Não só são irrequietas, como oferecem uma maior resistência aos cuidados habituais, podendo também ter problemas associados ao sono e à alimentação. Se a criança possuí PHDA mas não de forma acentuada, é com a entrada para o ensino básico que esta tornar-se-á mais evidente. A falta de organização e a dificuldade em manter a atenção durante um período de tempo significativo, são agora desafios na vida destas crianças. Posteriormente, com a chegada da adolescência, alguns aspetos, como a atividade motora, diminuem a sua expressão, mas aparecem outros como a baixa autoestima, desmotivação para o trabalho escolar e a depressão que, associados a outros aspetos característicos da PHDA como a impulsividade, conduzem a comportamentos de risco e a resultados académicos menos satisfatórios.
Saliento também que existem outras patologias frequentemente associadas à PHDA e que poderão acentuar a agitação psicomotora já existente, como a Perturbação de Oposição e Desafio, Perturbação de Conduta, Perturbação de Ansiedade, Tiques e Depressão.
Com isto entendemos que não existe uma “cura” mas entendemos também que poderão ser necessários mecanismos de adaptação e estratégias que permitem uma melhor gestão e aceitação desta perturbação neuro-comportamental, tanto na própria pessoa como no seu núcleo familiar e pares.
Em seguida dou-vos algumas dicas que poderão ajudar.
1. Diminuir estímulos sensoriais e factores de distracção;
2. Facilitar a manutenção da atenção
Exemplo: instruções curtas; utilização de áreas de interesse...
3. Fornecer mecanismos de organização
Exemplo: criar métodos de estudo como resumos, sublinhar palavras-chave; calendários...
4. Reforço positivo

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