Um olhar vale mais que mil palavras
- Inês Nalha Pereira
- Jan 21, 2019
- 2 min read
Updated: Jan 27, 2019
Há uns dias atrás vi uma noticia que dizia que grande parte das pessoas não compreende o que os profissionais de saúde dizem... E realmente é verdade, eu própria, muitas vezes, não compreendo.
Mas esta problemática não tem só a ver com aquilo que é dito e a falta de conhecimento sobre a linguagem técnica utilizada.
Muitas das vezes, a forma como falamos, a nossa expressão corporal e nosso olhar também têm uma forte influência. Talvez não sobre a nossa compreensão mas na forma como recebemos e interpretamos a informação...
Pensem comigo. Quando alguém vos olha rapidamente, sem nunca focar o olhar em vocês, com uma expressão facial distinta e de frieza, um olhar disperso e sem interesse. Como é que vocês se sentem?
Ora pois... Incomodados, rejeitados talvez... Daí a importância do olhar. Ele não fala mas diz transmite-nos muitas informações.
Isto não se aplica apenas aos profissionais de saúde mas a todos nós no nosso quotidiano, quando lidamos com os demais. O nosso olhar não fala... Mas diz-nos tanto!
Contudo, aqui o enfoque será no olhar numa relação terapêutica ou de cuidado, por exemplo, nos cuidadores informais/formais.
Algumas dicas:
- Olhar de frente (pois ninguém gosta de ser olhado de lado);
- Olhar horizontal (ou seja, ao mesmo nível diminuindo a possível sensação de inferioridade);
- Longo (um olhar que foque no outro, que seja confortável e confiante. Um olhar rápido muitas vezes transmite desprezo ou falta de interesse);
- Próximo (é importante que o olhar seja próximo de forma a transmitir alguma tranquilidade e proximidade ao outro, mas sem nunca ser demasiado próximo que se entre no espaço íntimo do outro).
Algumas coisas que também devem ter em atenção é surpreender alguém... Isto pode causar ansiedade e agitação, principalmente em pessoa com comprometimento cognitivo (como dificuldades intelectuais ou quadros demenciais), por isso mesmo o olhar deve sempre de frente, olhos nos olhos, ou aos pés da cama ou à frente da cadeira/cadeirão. Assim a pessoa poderá sentir a nossa presença e ver-nos.
Dica: até nas refeições assistidas é importante que estejamos ao mesmo nível que a pessoa e de frente para ela.
Para uma boa interacção com a pessoa, quer seja na estimulação ou nos cuidados de saúde e higiene, devemos favorecer o lado que permite um maior número de interacções entre aquele que cuida e aquele que recebe o cuidado.
Dica: AVCs e patologias de foro visual poderão diminuir o campo visual da pessoa. É importante aferir qual o lado em que a pessoa tem maior campo de visão para facilitar o olhar e a interacção.
Acima de tudo, na intervenção terapêutica o nosso olhar tem de chegar ao outro de forma calorosa, apaziguadora, segura e confiante. Este poderá ser um dos aspetos fundamentais para estabelecer uma boa relação com o utente.
Espero que seja útil para todos vós.
Por hoje é tudo. =)

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